PROCRASTINAÇÃO
Procrastinação é o
diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está procrastinando,
isso resulta em estresse, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha
em relação aos outros, por não cumprir com suas responsabilidades e
compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, ela se torna um
problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação
crônica pode ser um sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica.
A palavra em
si vem do latim procrastinatus: pro- (à frente) e crastinus
(de amanhã). A primeira aparição conhecida do termo foi no livro Chronicle
(The union of the two noble and illustre famelies of Lancestre and Yorke)
de Edward Hall, publicado primeiramente antes de 1548.
Logo, um
procrastinador é um indivíduo que evita tarefas ou que está evitando uma tarefa
em particular.
Causas da procrastinação
Psicológica
As causas
psicológicas da procrastinação variam muito, mas geralmente tendem a fatores
como ansiedade, baixa auto-estima e uma mentalidade auto-destrutiva. Pensa-se
que procrastinadores têm um nível de consciência abaixo do normal, mais baseado
em "sonhos e desejos" de perfeição ou realização, em vez de
apreciação realista de suas obrigações e potenciais.
O autor
David Allen traz à tona duas grandes causas psicológicas de procrastinação no
trabalho e no dia-a-dia que estão relacionadas à ansiedade, e diretamente
ligada à preguiça emocional. A primeira categoria engloba coisas muito pequenas
para se preocupar, tarefas que são uma interrupção irritante no fluxo das
coisas, e que tem soluções de baixo impacto; um exemplo seria, organizar uma
sala bagunçada. A segunda categoria contém coisas muito grandes para serem
controladas, tarefas que uma pessoa pode temer, ou cujas implicações podem ter
um impacto grande na vida da pessoa; um exemplo seria, o filho adulto de um
idoso doente decidir se este deve continuar vivendo ou morrer (como em casos em
que a eutanásia é usada). Vale apontar que uma pessoa pode inconscientemente
superestimar ou subestimar o tamanho de uma tarefa, se a procrastinação se
tornar um hábito em sua vida.
Fisiológica
Pesquisas
sobre as raízes fisiológicas da procrastinação, em sua grande parte, focam no
envolvimento do córtex pré-frontal. Essa área do cerébro é responsável por funções
de execução cerebral como planejamento, controle de impulsos, atenção, e age
como um filtro diminuindo estímulos que causam distração, que vêm de outras
regiões do cérebro. Lesões ou baixa utilização dessa área podem reduzir a
capacidade de uma pessoa de filtrar estímulos que causam distração, resultando
em má organização, perda de atenção e aumento de procrastinação. Isso é similar
ao papel do lobo pré-frontal no Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH), onde é comum a sua subutilização.
Procrastinação
e a saúde mental
A
procrastinação pode ser uma desordem persistente e debilitante em algumas
pessoas, causando disfunções e imperícia psicológicas significantes. Estas
pessoas podem estar, de fato, sofrendo de outros problemas mentais como
depressão ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Enquanto a
procrastinação é uma condição comportamental, esses outros problemas de saúde
mental podem ser tratados com medicamentos e/ou terapia. Medicamentos podem
melhorar a capacidade de foco e atenção de uma pessoa (no caso de um TDAH) ou
melhorar o humor e temperamento no geral (no caso da depressão). A terapia pode
ser uma ferramenta importante para ajudar um indivíduo a ter novos
comportamentos, superar seus medos e ansiedades, e alcançar uma melhor
qualidade de vida. Portanto, é importante para as pessoas que lidam
cronicamente com a procrastinação debilitante, consultarem um terapeuta ou um
psiquiatra para ver se um maior problema de saúde mental pode estar presente.
Perfeccionismo
Tradicionalmente,
a procrastinação tem sido associada com o perfeccionismo, uma tendência de
avaliar negativamente os resultados e a performance de alguém, medo intenso e
ansiedade, mau humor recorrente e workaholismo. Slaney, em 1996,
descobriu que perfeccionistas adaptivos eram menos prováveis a
procrastinar que os não-perfeccionistas, enquanto que os perfeccionistas
não-adaptivos (pessoas que veem seu perfeccionismo como um problema)
apresentavam altos níveis de procrastinação (e também ansiedade).
Procrastinação
acadêmica
Enquanto que
a procrastinação acadêmica não é um tipo especial de procrastinação,
pensa-se que a procrastinação é particularmente prevalente em configurações
ambientais acadêmicas, onde estudantes devem lidar com prazos para provas e
trabalhos em um ambiente cheio de eventos e atividades que competem o tempo e
atenção dos estudantes. Mais especificamente, um estudo de 1992 mostrou que
"52% dos estudantes entrevistados indicaram ter uma necessidade, de
moderada a alta, de ajuda em relação à procrastinação".
Alguns
estudantes enfrentam a procrastinação devido à falta de gerenciamento de tempo
ou técnicas de estudo, stress, ou porque se sentem sobrepujados com seus
trabalhos. Estudantes também podem lidar com a procrastinação por razões
médicas como o TDA/TDAH ou uma desordem de aprendizado como a dislexia.
A situação é
pior em nível de graduação, onde as condições são perfeitas para procrastinação
e trabalho mental intangível com prazos flexíveis e, muitas vezes, objetivos
auto-definidos. Muitas universidades oferecem aulas, treinamento e tutoria em
técnicas de estudo para estudantes que estão enfrentando a procrastinação ou
uma desordem de aprendizado. Estudantes com TDA ou desordens de aprendizado, geralmente
estão aptos a considerações especiais como, por exemplo, tempo maior para fazer
uma prova.
Não é sabido
o quão frequentemente um caso severo de procrastinação causado por uma
disfunção mental pode passar despercebido quando a pessoa está em um contexto
acadêmico, pois ela pode ser categorizada meramente como "procrastinação
acadêmica".
Síndrome do estudante
A síndrome
do estudante refere-se ao fenômeno que muitos estudantes só vão começar a
se dedicar inteiramente a uma tarefa logo antes do prazo final. O termo foi
originado no livro Critical Chain de
Eliyahu M. Goldratt.
Por exemplo,
se um grupo de estudantes vai até um professor e pede por um adiamento do prazo
final de entrega, eles provavelmente vão argumentar que seus projetos serão
melhores se eles tiverem mais tempo para trabalhar neles; os alunos pedem isso
com a intenção de distribuir o tempo de trabalho pelo tempo que sobra até o
prazo de entrega. Porém, a maioria dos estudantes terá outras tarefas ou
eventos que também demandam seu tempo. Logo, eles vão acabar se encontrando na
mesma situação que começaram, desejando ter mais tempo livre, conforme a data
limite se aproxima.
Tipos de procrastinadores
O tipo relaxado
Os
procrastinadores do tipo relaxado veem suas responsabilidades negativamente e
fogem delas direcionando sua energia para outras tarefas. É comum, por exemplo,
para uma criança procrastinadora do tipo relaxado, abandonar a sua lição de
casa, mas não sua vida social. Esse tipo de procrastinação é uma forma de
negação. O procrastinador evita situações que causariam desprazer, e, em vez
delas, participa de situações mais prazerosas. Em termos Freudianos, esses
procrastinadores se recusam a renunciar ao princípio do prazer, em vez de
sacrificarem-se no princípio da realidade. Eles podem aparentar não estar
preocupados com o trabalho e com prazos, mas isso é simplesmente uma forma de
evasão.
O tipo tenso-nervoso
O
procrastinador tipo tenso-nervoso normalmente sente-se dominado por pressão,
irreal quando trata-se de tempo, incerto sobre seus objetivos e muitos outros
sentimentos negativos. Sentindo que lhes falta a habilidade ou foco para
completar seus trabalhos, eles dizem a si mesmos que precisam
"desestressar" e relaxar, e que é melhor "ir com calma à tarde
para começar de novo na manhã seguinte", por exemplo. O
"relaxamento" do procrastinador desse tipo é geralmente temporário e
inefetivo, e leva a até mais stress conforme o tempo vai se esgotando, prazos
se aproximam e a pessoa se sente cada vez mais culpada e apreensiva.
Esse
comportamento vira um ciclo de fracasso e atraso, enquanto os planos e
objetivos são deixados de lado e anotados "para amanhã" ou para a
próxima semana repetidamente. Isto também traz um efeito debilitante em sua
vida pessoal e suas relações.
Como os
procrastinadores desse tipo são incertos em relação a seus objetivos, eles
muitas vezes se sentem desconfortáveis com pessoas confiantes e objetivas, o
que pode causar depressão. Procrastinadores tensos-nervosos geralmente
recolhem-se da vida social, evitando contato até mesmo com amigos próximos.
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